sábado, 28 de março de 2009

Antes que Você Pense Outra Coisa



Antes que Você Pense Outra Coisa




Polimorfo

Naquele mesmo dia podia-se ouvir sua voz. Uma voz que teme a verdade, verdade não dita, mas, pronunciada na intensidade de um olhar com um fulgor que ao misturar-se com um simplório sorriso ecoa a autentica sinceridade. Em um canto qualquer chora. Na verdadenão sei se chora. Parece ser tão decidido, confiante... Mas tem medo. O medo o faz errar, o faz descobrir-se. O que faria se não tivesse medo? Não há resposta assim como não há resposta para outras infinitas perguntas. Não responder o faz tão bem quanto mal. Uma advertência: parece não achar lugar no corpo em que Deus o encarnou. Não é intenso. Apenas seus olhos falam. Falam. Vive sobre a descoberta de um mundo novo. Não tão novo. Real. Ao iludir-se ganha confiança. Perde um amigo. Talvez não fosse tão amigo. Talvez fosse apenas uma peça da qual precisava, não para usá-la. O que não fez. O que não faria. Melhor ainda seria inventar uma experiência e não apenas ser vítima de uma. O próprio eu, perde-se. Sua fuga, em vez de isolá-lo, retoma a criação do homem, de um novoser surgido do nada. By Anderson Carnot


Protótipo

Não sabia por que não conseguia dizer algo, estava mudo estático, paralisado, era uma mudez do corpo todo. Via tudo passar, os carros, pessoas, à tarde; o sol oprimia-o e um nojo percorria-lhe o corpo fatigado de um calor inacessível porque interior. Essa era sua solidão: a de perceber como ninguém o real estado das coisas humanas, e, no entanto, continuava. By Anderson Carnot




Idiossincrasia

Vê-lo nascer foi o maior dos arrependimentos. Não foi algo esperado, muito menos planejado. Nunca o é. Na verdade, surgiu de forma tão natural. Se fosse natural, não deixaria marcas. Algumas irremediáveis. Seu estágio mais desenvolvido passou a exigir mais força. Idôneo não era para tal serviço. Minha idiossincrasia era a de relutar. Era algo inalterável. Tornou-se uma condição. Um estado de plenitude excessiva. [A obsessão]. Reconheci o caráter absurdo. Não obstante relutei. By Anderson Carnot



Enfim....

Enfim... Antes que Você Pense Outra coisa(Parte I)

Infinitas dúvidas de caráter existencial, estrutural e espiritual. Um complexo de negativismo se instala, quando nos achamos fracos. Caso desperdicemos as chances que temos, teremos que prestar conta de mau uso que demos aquilo que tivemos, seja por valorização... Enfim. Num sábado ensolarado estava praticamente tudo pronto para a viagem, programada há seis meses: Londres a cidade mais cosmopolita de que tinha conhecimento. No final da tarde em menos de duas horas estava no aeroporto fazendo o tão famoso “check in”, vi minhas bagagens (bolsas, malas pequenas, etc, todas levadas para a identificação). Faltava cerca de quinze minutos para o vôo decolar, não via a hora de chegar a Londres. Minha primeira parada já estava decidida conhecer o museu Madame Tussauds onde estão as famosas figuras mundiais em cera. Ouço o último chamado para o embarque imediato. A sensação ao entrar no avião é inexplicável, sentir o avião ligar suas turbinas e levantar vôo me fez temer e duvidar de que pudesse voar em algo fabricado por homens. Insegurança nessas horas deve ser o sentimento mais comum. Nas primeiras horas de viagem não consegui relaxar, não sei se por olhar entre as nuvens ou se por ter quer dá atenção a um desconhecido que sentara ao meu lado. Depois de algumas horas desembarcamos no aeroporto de Lisboa, ficamos por lá por noventa minutos. Logo em seguida embarcamos desta dez com destino a Inglaterra. Mais algumas horas de viagens, muita ansiedade e uma expectativa que gostaria que não fosse frustrada. Tentava ler algo. Depois de alguns minutos impaciente passei a relaxar e a perceber a presença dos comissários de bordo. Que seres esquisitos! Todos padronizados disposto a atender aos chamados mais fúteis dos passageiros, que por sua vez não pensam duas vezes em importunar aqueles seres que parecem terem surgido do nada. “Pensei que servissem apenas para receber e dar conforto aos passageiros ou então para dizer: em caso de emergência, máscaras de oxigênio cairão sobre suas cabeças...”. Mas na verdade o que deve mesmo atrair essa gente é o glamour que não devem encontrar em outras profissões. Alguns minutos depois o avião se preparava para pousar no aeroporto de Getwick. Desembarquei e pensei logo em pegar um trem que me levasse até a estação de Victoria, para o centro da cidade. Na verdade nem sabia como chegar à plataforma. Meio que desorientado no meio daquela multidão que embarcava e desembarcava, andava. Perguntei a um senhor que me disse ficar ao sul de Londres. Fingi entender e a este pedi obrigado. Eis que finalmente depois de comprar meu bilhete encontro a estação. Em trinta minutos cheguei ao centro da cidade. Neste mesmo dia antes de desembarcar...


P.S Continua na Próxima Postagem


Anderson Carnot

Nenhum comentário:

Postar um comentário